Hoje eu ainda estava pensando, apesar de ter nascido na tal "era da informação", fazendo parte da tão famigerada "
geração Y", tenho sorte. Não que essa seja uma época marcada pelo descaso, e principalmente, por pessoas azaradas, longe disso.
No entanto, sou sortudo porque mesmo sendo relativamente jovem, gastei boas horas "brincando de carrinho". Acho que as miniaturas que eu tinha, inclusive ainda tenho algumas delas, rodaram bons quilômetros nas calçadas aqui de casa. Desde pequno, isso lá pelos 5 até os 14 anos, quem sabe, sempre
gostei muito de brincar com carrinhos. Criava as próprias histórias,
envolvendo sempre os modelos que ganhava de presente, minhas verdadeiras
relíquias, apesar de sofrerem muito pelo uso. Não precisava de muito
para ralar os joelhos pelo chão e envolver os pequenos veículos e seus passageiros invisíveis, os quais, ao mesmo
tempo, levavam uma vida paralela, alguns morando nos vasos de flor da minha mãe e outros nas casinhas que eu mesmo montava com um pouco de cola e papelão.
Sou um sortudo também porque descobri que uma pesquisa não é só feita pela internet. Pois ganhei meu primeiro computador com 11 anos de idade, acessando pela primeira vez a internet apenas com 13 anos. Dessa forma, muita pesquisa eu fiz na Barsa e nos demais livros. Lembro como se fosse hoje, no horário do recreio, sempre estava pela biblioteca da escola fazendo cópias dos trechos de interesse dessas fontes físcias, para mais tarde, quando chegasse em casa, utilizar no desenvolvimento do trabalho. Outras vezes, quando eu não encontrava nenhum conteúdo relevante na biblioteca (sim, isso acontecia), corria pra falar com meus pais e tentar encontrar algum conhecido que tivesse um livro falando sobre o assunto. As vezes acabava se tornando estressante, pois ao mesmo tempo que eu queria terminar logo o trabalho, não encontrava nenhum embasamento ou fonte de pesquisa. Contudo, nunca deixei de entregar um trabalho por causa disso, pois apesar do transtorno, eu sempre acabava conseguindo encontrar as informações necessárias para poder escrever o desenvolvimento da pesquisa. E olha que não foram nem um ou dois trabalhos de pesquisa, no meu tempo de escola, desde a 4ª até a 8ª serie os professores eram exigentes ao máximo. Queriam sempre trabalhos completos, compostos por capa, índice, introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia. No mínimo, era preciso elaborar uma pesquisa por semana, reunindo a demanda de todas as matérias durante o ano.
Somente quando eu já tinha 16 anos, um ano depois de ganhar um computador "melhorzinho", pois nessa época o K6 II rodando Windows 98 já havia pedido arrego, meus pais concordaram em instalar uma conexão ADSL em casa. E foi desde então que eu comecei a descobrir as facilidades por trás da internet, e ao mesmo tempo, pelo fato de ter mais recursos, administrar um maior domínio sobre o computador e suas funções, optando mais tarde pela área de tecnologia para estudar e trabalhar.
Por essas e várias outras razões que me considero um sortudo, pois ao menos na infância e no início da minha vida de estudante, descobri a simplicidade e a magia das pequenas coisas, deixando florescer a ingenuidade de uma criança, sem muitas influências externas ou mesmo tecnológicas. Descobri também que as vezes é preciso dedicar uma boa quantidade de esforço pra conseguir certas coisas e que nem tudo é tão fácil como digitar um termo no site de buscas da sua confiança, teclar o "Enter"e esperar que tudo vai aparecer bem na sua frente.