Era sábado de manhã. Eu ainda nem havia saído da cama quando a @bibspotter abriu a porta do quarto e disse: "Acho que fiz uma merdona no computador.". Ela explicou que espetou um pendrive na USB e queria formatá-lo, mas acidentalmente acabou formatando a partição de dados do notebook.
Na época em que eu trabalhava como técnico em informática, já havia tentado – quase sempre de forma não muito bem-sucedida – a recuperação de arquivos em unidades e discos corrompidos. Não é um trabalho simples. Tanto é que existem empresas especializadas que fazem o serviço de recuperação de dados e cobram muito bem por isso. Os arquivos perdidos pela Bibs consistiam nos trabalhos de fotografia que ela estava editando. Felizmente ela tinha em outros locais – um deles o próprio cartão de memória da câmera que ainda não havia sido apagado – backup das fotos originais dos clientes. No entanto, todas as horas de edição que ela já havia dedicado – e que não eram poucas – além de vários outros trabalhos já concluídos – estavam na partição formatada. O software de edição Adobe Lightroom gravava seus catálogos de edição na unidade de dados do computador.
Foi quando iniciamos nossa saga em busca da recuperação dos arquivos. Ela parou de utilizar o computador imediatamente após ter cometido o erro. Sendo assim, desmontei a máquina e removi o SSD para executar o processo de recuperação em outro computador. Achei mais conveniente do que fazer na própria instalação do Windows que executou a formatação.
Porém, ainda não sabíamos qual software utilizar na tentativa de recuperação. Pesquisando um pouco, encontrei esse vídeo do canal MW Informática no YouTube com um ótimo comparativo entre os softwares de recuperação de dados, sendo eles pagos ou gratuitos. Fiquei preocupado porque nas análises feitas pelo Miguel – autor do vídeo – ele não conseguiu recuperar nada que estivesse em SSDs, mas apenas em HDs ou pendrives. Pelo que ele comenta no vídeo, a probabilidade de recuperar dados excluídos de um SSD é menor devido a um recurso do próprio Windows que "limpa" a área de armazenamento afetada. Entretanto, precisávamos tentar. Apesar de aparentemente simples – e gratuito – decidimos utilizar o Recuva. Pelo site não está sendo possível baixar o programa. Parece que ele fica redirecionando sempre para a mesma página. Mas a Bibs conseguiu encontrar e instalar pela Windows Store.
Com o software funcionando, conectamos o SSD em um case externo e plugamos na USB do notebook alternativo. E mandamos o Recuva trabalhar. O tempo aproximado para finalização era de 15 horas. Logo de cara ele relatou que encontrou 25 arquivos. Ao longo do dia todo ficamos acompanhando o andamento que se arrastava. Já era de madrugada quando terminou. A Bibs acordou no meio da noite para conferir o resultado. Ao longo de todo o processo, nenhum arquivo mais tinha aparecido como encontrado. E para a nossa surpresa, ao finalizar, o resultado foi zero arquivos. Nada foi encontrado ou recuperado. Não sei o que houve ou mesmo o que eram os tais 25 arquivos que o Recuva disse ter achado no início da varredura.
Na manhã de domingo, conversamos sobre a situação. Eu estava pensando em tentar algum outro software de recuperação. Existem tantas alternativas, embora nenhuma seja garantida. No vídeo do Miguel há diversos comentários e relatos de pessoas que tiveram sucesso – não só com o Recuva – mas com outros softwares, embora também tenha pessoas que dizem não ter conseguido encontrar nada. Diante do cenário, decidimos aceitar que os arquivos estavam perdidos. A Bibs precisava trabalhar. Não poderia ficar esperando mais 15 horas por quem sabe o mesmo resultado. Coloquei o SSD de volta no computador original e mandei ligar. Mas quem disse que o Windows inicializou?
Naquele momento percebi que agora tínhamos outro problema. A instalação do Windows estava corrompida. Sinceramente, não entendi o que houve. O fato de ter colocado o SSD como disco externo em outro computador corrompeu o Windows. Minhas habilidades de técnico em informática estão enferrujadas. Não lembrava mais os comandos para reparação e nem sei se o que eu utilizava na época do Windows 7 funciona ainda para Windows 11, já que a reparação automática do sistema não funcionou. Pesquisei e encontrei alguns artigos sugerindo comandos como "sfc /scannow", "BOOTREC /FIXMBR", "BOOTREC /FIXBOOT" e BOOTREC /RebuildBcd. Executei cada um deles, mas nada disso funcionou.